Mandalas para ilustrar um livro de poemas de Rainer Maria Rilke e suas traduções: é que se a construção destes desenhos têm possibilidades infinitas, esta multiplicidade fala, de alguma maneira, de uma impossibilidade. Todo poema é cercado pela língua em que foi escrito. Torna-se impenetrável quando, nos aproximamos com nossas outras palavras. Foi com essa sensação que comecei a fotografar febrilmente muros, enquanto trabalhava nas traduções dos poemas franceses de Rilke. No livro, cada página aberta oferece além de um poema original e sua tradução, duas mandalas distintas, feitas com o mesmo fragmento de foto. Justapõem diferença e similaridade. Embora sejam desenhos abstratos, é provável que o leitor veja figuras nas manchas. A simetria é a mesma usada nas imagens do conhecido teste psicológico Rorschach. As figuras encontradas serão sempre projeção pessoal do leitor.
Meu caderno de anotações é a internet. Está tudo por aqui, numa bagunça despreocupada. Afinal o melhor lugar para perder uma folha é a floresta. Em um blog anoto os pintores que gosto. Em outro, os ilustradores que amo. As páginas que me parecem as mais bontas. E até as minhas pelejas. Além disso tenho meu site. Meu face, e o twitter. E uns links em alguma parte. É coisa demais. Também para a desmemoriada dona deste mais ou menos diário. Anuário?